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O que podemos aprender com a comunidade que traduziu Harry Potter?

Mary Grace Andrioli
Escrito por Mary Grace Andrioli em setembro 6, 2020
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O tempo passou e voltei a ler Harry Potter com a minha filha. Impressionante o quanto este livro fascina crianças e adultos até hoje.

Dentre os posts que gostaria de recuperar do site antigo, encontrei este e reproduzo a seguir, o que foi publicado em 2007, quando um grupo de jovens resolveu traduzir o livro no Orkut e foi amplamente criticado por toda a mídia.

Sempre gostei do Harry Potter e além disso fiquei fã do grupo de adolescentes, liderados por Isadora (a garota da foto) que teve a iniciativa de traduzir em 6 dias o novo livro da saga, algo que no Brasil será disponibilizado apenas em novembro.

Este fato teve muita repercussão na mídia, porém em muitos casos estes jovens foram criticados  por terem praticado um ato que alguns chamam de “pirataria”.

A própria editora Rocco, reconheceu, sabiamente, que esta cópia disponibilizada na Internet não atrapalhará as vendas, aliás, nem é preciso entender de marketing para perceber que esta mobilização  pode inclusive contribuir com a divulgação do livro e conseqüentemente aumentar as vendas. Mesmo assim alguns sites e revistas insistem em abordar negativamente esta iniciativa.

Se acessarmos o site do projeto e a comunidade no Orkut, veremos que este movimento formado por fãs do bruxinho e compradores de todos os volumes, não têm nenhuma intenção lucrativa e nem mesmo de diminuir as vendas dos livros, inclusive sugerem que os leitores comprem o livro original.

Outro aspecto interessante é que em vários depoimentos que li na Web, os jovens explicam que esta atitude também foi um protesto contra a demora na tradução oficial. Mostraram que se eles conseguem mobilizar um grupo de adolescentes no Brasil e outros lugares do mundo para traduzir um livro em 6 dias, por que a equipe oficial (se é que podemos chamar de equipe) precisa demorar tanto?

Alguns profissionais preocuparam-se em criticar os erros português da tradução e enfatizar as vantagens de ler o livro original. De fato, a preocupação com a Língua Portuguesa também foi destacada pelo próprio grupo que ainda pretende melhorar a versão que está on-line, porém desvalorizar esta ação por conta disso é desconsiderar todo o restante e principalmente a inteligência destes jovens que até mesmo têm suas ressalvas com relação as traduções oficiais.

Professores que não entendem muito de educação também têm esta tendência: avaliar primeiro se a letra do aluno é bonita e se não há erros ortográficos… a coesão, coerência e criatividade são deixadas em segundo plano.

Um dos colaboradores do projeto, relatou inclusive, que nunca havia feito um curso de inglês, mesmo assim aventurou-se a colaborar. Imagino que muitos outros estavam na mesma situação, mas que também com a ajuda das ferramentas de comunicação e de tantos leitores e colaboradores críticos envolvidos no mesmo desafio conseguiram até mesmo aperfeiçoar o inglês de modo muito mais rápido que em qualquer cursinho (quanto mais escola ou faculdade) por aí…

Bem, se por um lado a tradutora pode criticar o português da Máfia dos Livros, estes jovens podem ensinar muito sobre algo que é cada vez mais importante para qualquer profissional hoje em dia: a colaboração. Ou seja, a tradutora também poderia aprender com eles como trabalhar em equipe e utilizar os recursos da Web para mobilizar diferentes profissionais.

Agora pergunto aos educadores: quantos de nós já conseguimos engajar alunos em uma tarefa mobilizadora como esta sem recorrer ao boletim escolar? Enquanto não temos respostas… Ponto para este time que merecia mesmo era ser premiado.

Links:

Site oficial da Máfia dos Livros – Neste site é possível baixar a versão traduzida em pdf ou entrar em contato com os autores da iniciativa para contribuir com sugestões.

Matéria no Caderno Link

Revista InfoExame

Site Sofware Livre

Comunidade no Orkut da Máfia dos Livros

Fonte da Imagem: www.link.estadao.com.br

Publicado em 29 Julho, 2007 – 17:18, no antigo site da Vivência Pedagógica

Fonte original: https://web.archive.org/web/20090131062552/https://vivenciapedagogica.com.br/mafiadoslivrosharrypotter